domingo, 26 de outubro de 2008
A POETISA & O LOBO
POETISA E O LOBO
O LOBO: --- Me faça um poema, poetisa, porque eu sou um homem solitário e saliente.
Posso emanar a paixão que a natureza contém.
Minha pureza de homem assegura fluída do bem
Posso lhe dar o acalento
Da cantiga de ninar no colo de menina-mulher,
Mas ousar-me na noite do canto das virgens castas...
A POETISA: --- Mas meus poemas não são tantos pra essa pureza que me conta,
Nem si quer pra essa saliência que expõe.
O LOBO: ---- Me oferte um poema, poetisa,
Visto que sou tão vadio.
Posso inventar a orgia
E fazer... E acontecer.
Minha vivência irradia
O doce néctar do prazer
Pelo que se brigam e cobiçam as mulheres
Posso lhe dar...
A POETISA: ---- Mas meus poemas só inspiram se a paixão brotar.
O LOBO: ---Meu coração súplica esses poemas, que culpa
Padece esse órgão humano se a carne vadia implora a vadiagem?
A VIDA: ---- Me invente um poema, poetisa,
Pois sou eu quem faz a historia.
Posso dispor de sua vida,
Cobrir seu nome de glória...
Minha nobreza é incontida,
Crio a derrota e a vitória.
Posso cobrir de ouro
O homem, o rico, o país...
A POETISA: --- Mas meu poema não tem dono
A não ser o meu coração.
Bárbara Perez
Esse poema faz parte da colectânea poetas e lobos
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