domingo, 26 de outubro de 2008

COLCHA DE RETALHOS


Colcha de retalhos

-VÓ, eu ficava a te olhar noite adentro,
e via teus olhos tristes,
teu semblante perdido nas horas noturnas,
enquanto você emendava os retalhos coloridos,
Ouvia, o barulho da velha maquina de costura
misturando com teu suspiro
e com tua lágrima sozinha
rolando pela face tremula e assim,
VÓ, os retalhos coloridos iam se juntando ao serem emendados!
-VÓ, você terminou a colcha?
-Neto, filho mais que o filho,
carne da minha carne,
hoje tão feliz lhe respondo: a colcha esta pronta!!
Os retalhos coloridos foram emendados.
-Cada retalho representa um pedaço de mim
e costurando-os, formou a minha vida!
Vê se essa cinza pálida, sozinho,
e a tristeza de meus dias,
indo embora no entardecer solitário...
A garça triste sem os filhotes.
Ah! Tem esse vermelho desabrochaste representa os bailes,
os meus bailes e de belos cavalheiros,
como a musica que da renovação ao viver!
E lindos namoros na persistência de sair de solidão inconstante.
Tem esse roxo, e tão amargo vê-lo,
como a dor da perda de pessoas queridas,
o luto que passei obrigatoriamente,
e não quis vivencia.
Apenas deixei passar, seria melhor!
E depois foram lágrimas de tanta dor,
como navalhas cortantes invadindo a alma,
sangrando o coração de filha amada...
O retalho preto e aqueles dias negros,
amargos e sofridos, onde faltava grana,
faltava à esperança de sobreviver às tempestades,
e às vezes a moral da alma que e cobrada,
sofrida, no intimo de si próprio,
pela vida e sua sociedade condicionada,
nas escaladas de degraus de nossas vidas.
A cor metálica representa o brilho das noites de glamour.
O amarelo é o sol que sempre nos brilhou,
o verde e a esperança tingida nesse tom que conforta
e o azul é a garra, a determinação de alcançar um lugar ao sol,
de brilhar no trilho da escalada!
E viver por sonhar!
Pois meu neto, enquanto sonhamos e
acreditamos nos resta a vida de presente de Deus!
Correr pela selva humana, ser fera!
Ser loba e sobreviver!
O retalho branco e o anjo que vinha sorrateiro
com asas e plumas abanar
e sorrir nas minhas horas de solidão e agonia.
Meu neto as lágrimas foram tantas
e as dores desafios, o tempo foi exemplo,
na virtuosa insinuação da vida.
-Meu neto você tão pequeno, entende de retalhos emendados?
Você entende de representações de vida?
Você entende de colcha de retalhos?
-Quem sabe minha avó,
eu entendo de vida e de tudo um pouquinho.
Apenas quero entender porque
você agora sorri com essa linda colcha de retalhos,
depois de costurada.
-Meu neto, juntando todos os retalhos,
sobras de tecidos de todas as cores foi formando a colcha,
foi juntando pedaços de vida.
A minha vida!
São cores bonitas e feias
Alegres e tristes
A colcha subia e descia, no costurar.
Como a vida da gente
Nas tuas mãos pequenas
E a deposito como presente de vida!
Colcha tem erros que consertamos
E da certo,
Mas na vida, nem sempre há remendos, e nem sempre há conserto...
Junto {a colcha de retalhos}
Que lhe entrego
O meu perdão
Pela minha vida!


Carinhosamente EDUARDO PERES ALMEIDA SILVA

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